segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Carta às coordenadoras do projeto Terapia Expressiva do HUAP


Niterói, 6 de fevereiro de 2014


 Conheci o Terapia Expressiva pela internet; imediatamente me encantei e escrevi um e-mail. Fui convidada a conhecer o projeto pessoalmente, e fui. Adorei. Disse que queria conhecer mais, disseram-me que voltasse na semana seguinte. Lá estava eu, dessa vez com direito a participar de um “campo” no setor de quimioterapia, com a história de um sapo que de tanto querer sair de uma situação difícil transforma seu provável afogamento num trampolim do qual pode pular. Inspiradora história, como foram as pessoas que me receberam, tão amorosas se mostraram, e como me pareceram os pacientes com os quais pude ter contato, tão profundos ou confiantes.

Minha trajetória profissional parece meio saltitante – e é. Formada em Comunicação, trabalhando, sabia que ali estava algo que eu sabia fazer, mas que não preenchia o meu coração. O coração e o interesse focaram na terapia, que eu já fazia, e que certamente foi um lugar de cuidado tão importante e esclarecedor, acolhedor. Fez-me lembrar da infância, com o sonho de mudar o mundo – se não o mundo inteiro, que fosse o mundo de alguém, como o meu foi mudando ao longo do processo de formação reichiana que me propus a fazer. Daí à faculdade de psicologia foi um pulo, um salto, não sem anseios. Era a vontade de trabalhar com questões ligadas à vida (e por que não sua relação com a morte, que dela faz parte?), uma certeza.

O Terapia Expressiva me encantou desde o início, por acreditar na expressão como necessidade e maneira extremamente profícua para lidar com as questões que aparecem na vida. Na minha própria, já experimento isso, pois que as palavras foram sempre grandes amigas, além de vários cursos e brincadeiras de artes na infância e adolescência, o último de encadernação artesanal já na idade adulta; todos inspiradores para pequenas criações em decoração, festas, ou simplesmente na expressão de algo que não sai em palavras ditas.

O curso (e a possibilidade de bolsa) me apareceu na tal busca na internet, em que eu queria saber sobre o que havia no HUAP com que eu pudesse trabalhar em psicologia. da Quero poder estar mais e mais próxima da área de saúde, ter contato com profissionais e pacientes com demandas e responsabilidades diversas, estar imersa no cuidado integral, encharcar-me vida real, da luta pela vida; o Terapia Expressiva me pareceu uma oportunidade disso tudo, e ainda com a suavidade e a profundidade de pôr o coração e a expressão a serviço da vida. A talvez crueza da vida real, imiscuída da beleza e da possibilidade de sonhar.

Encontrei de fato algo que me fez sonhar, que me empolgou. Espero poder botar a serviço desse tão belo projeto (do qual participei do encerramento do ano passado, tomando um barco na Odisseia de Ulisses) minhas habilidades pessoais, meu senso de profissionalismo, o cuidado com o outro (e comigo), minha vontade de aprender, de crescer, de descobrir, de saber novas maneiras de cuidar, de poder cuidar e, dessa maneira, ser também cuidada.


Agradeço a oportunidade por estar aqui...

Um comentário:

  1. Emocionante carta de uma das recém-admitidas bolsistas ao Programa, Clarissa Carneiro!

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