sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Infusão de vida e Tempo de Espera


O Programa de Extensão da UFF Terapia Expressiva como Veículo de
Cuidado Integral no Hospital Universitário Antônio Pedro propõe
instrumentos factíveis para a humanização e qualidade do cuidado a
pacientes do Núcleo de Atenção Oncológica. 
 Em uma de suas ações – a Infusão de Vida, a equipe do Programa supervisiona os alunos do Curso em vivências com Terapia Expressiva - reflexões, trabalhos manuais diversos e conversas - oferecidas aos pacientes.

As atividades no Campo no Núcleo de Atenção Oncológica oferecem aos pacientes uma vivência que sempre inclui três momentos: 
1º - indução - através de uma atividade sensibilizadora como um conto de fadas, uma música, um exercício de imaginação; 
2º- expressão através do material, com as mais diversas técnicas: desenho livre e geométrico, pintura, costura, bordado, recorte e colagem, confecção de objetos tridimensionais, teatralização, dança; 
3º - reflexão, elaboração e partilha -  expressão de
conteúdos inconscientes no material-suporte e a reflexão propiciada
pela partilha oferecem oportunidade de desbloqueios psíquicos e
re-significações em prol da saúde e bem estar.

Nestes dois primeiros anos de atividades do Programa, o campo da ação Infusão de Vida, tem sido o ambulatório de recepção de quimioterapia endovenosa no Núcleo de Atenção Oncológica do HUAP. O trabalho oferece um continente para a expressão dos conteúdos psíquicos, atendendo demandas emocionais e espirituais para esses pacientes que se ressentem em passar 5 horas na quimioterapia “sem fazer nada, pensando coisas ruins”.

Como os pacientes estão recebendo infusão venosa e/ ou têm dificuldades de mobilização pela própria doença, o material recebe um pré-preparo, de forma a garantir que cada um consiga concluir sua expressão, garantindo-se espaço para suas escolhas e criatividade.

O impacto da ação sobre centenas de usuários vem sendo avaliado em pesquisa, em triangulação de métodos quanti-qualitativos, questionários e narrativas.

A maioria dos pacientes aceita participar da atividade; os que recusam, alegam o mal estar causado pela medicação, desânimo, depressão, irritação ou impaciência.
Até o presente todos os pacientes ouvidos, inclusive os que se recusam a participar, são unânimes em destacar o valor do trabalho, ilustrando influências muito favoráveis sobre a atitude dos pacientes diante da vida e de sua relação com o tratamento e a doença.

Todos os pacientes ouvidos foram unânimes em destacar o valor do trabalho, relatando as transformações internas que experimentaram: a atividade “ajuda muito a distrair da medicação”, a “passar o tempo”, “diminui o mal estar”, “traz alegria na vida”, “é uma cura”.  Agradecem nossa disponibilidade e dedicação, e insistem para que continuemos o trabalho, e reclamam de que o mesmo ocorra apenas duas vezes por semana, e somente nesse setor do hospital.

O objetivo principal, além de ser campo de experimentação do instrumento terapêutico do Programa para os alunos do Curso, veio introduzir de forma conseqüente o atendimento veiculado pelo material expressivo no HUAP, uma forma de cuidado hospitalar de comprovada eficácia em vários trabalhos acadêmicos.

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